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domingo, 4 de novembro de 2012

O Técnico de enfermagem e o paciente






De toda a equipe de saúde envolvida, é o técnico de enfermagem quem executa a maior parte das tarefas com o paciente. O corpo do paciente é o objeto de atenção, a quem cabe a tarefa de cuidado diária. A enfermagem detém a permissão social e cultural para tocar o corpo do outro, podendo desnudar, limpar, amarrar, banhar, secar, alimentar, injetar, raspar, vestir e nesse momento, mesmo que não se aperceba disso, expressa seu sistema de valores, conseqüência de sua cultura, da realidade do mundo ao qual faz parte. Assim, também é o corpo.




A idéia que temos de corpo também foi sendo construída a partir dos valores a ele atribuídos. Ele não é experimentado, entendido de modo igual para todos os indivíduos. A percepção que temos do corpo é resultado da nossa cultura especifica. Ele é na verdade uma simbolização, ou seja, o corpo é uma representação dos nossos conceitos de pessoa, sexualidade, dentre outros. A experiência corporal não é universal. O corpo não fala por si próprio, a cultura vai deixando marcas e atribuindo significados que não são eternos. O cuidado do corpo por parte do pessoal de enfermagem inclui uma manipulação do outro mediante procedimentos e técnicas do ato de cuidar. Alem dos sentidos usa-se também a intuição, a percepção, a sensibilidade criando uma linguagem corporal própria, na qual pela forma de tocar, olhar, cuidar, são expressos valores, conceitos, receios, preconceitos, temores, etc.






Tomar consciência dos próprios temores, preconceitos, duvidas e limites em relação ao seu próprio corpo e ao do paciente e fundamental para que se estabeleça uma relação na qual esse corpo se personifique, ganhe uma identidade, deixe de ser apenas um objeto que precisa de cuidados para pertencer a uma pessoa que tem também seus próprios preconceitos, duvidas, timidez e vergonha, principalmente no memento de um contato mais intimo. Devemos tentar naturalizar a situação hospitalar.








Do mesmo modo que um bebe é amamentado, a alimentação não e a única necessidade que se esta sendo atendida, mas também através desse contato, o bebe sente-se acariciado, protegido, desenvolvendo, a partir daí, um sentimento de confiança, etc. Desse modo, no ato de prover as necessidades físicas do individuo, promovendo o cuidado com o corpo, algo alem do próprio cuidado esta em jogo. É possível estabelecer uma relação de solidariedade, percebendo as dificuldades, duvidas e temores do paciente. Há muita insegurança por parte do paciente, no momento da hospitalização e na própria experiência da doença. Muitas vezes a pessoa não sabe ao certo o que vai lhe acontecer.




A ansiedade faz-se presente, principalmente em procedimentos cirúrgicos que representam ameaça à integridade corporal ou que comprometam a autonomia da pessoa, como nos casos de colostomia, mastectomia e amputações. É importante compreender que não é simplesmente um simples membro que vai ser extirpado em troca de melhor prognostico, mas sim uma parte da pessoa que tem uma função e significados específicos. Tal medida requeira um aprendizado para se conviver com a nova situação. Assim, é mais aconselhável tentar entender a sua tristeza e estar disposto a escutá-lo, ao invés de tentar reanimá-lo. É compreensível certo desconforto, certa estranheza e, muitas vezes, para negar essas sensações, se mantém uma distancia emocional em relação aos pacientes, por meio de uma padronização dos mesmos, que são vistos como iguais, no pior sentido que isso possa ter, no que se refere a perda da identidade. Todos nos sentimos medo, vergonha, culpa, tristeza, alegria, amor, etc. Nem tudo pode ser explicado pela razão. Sentimentos são para ser sentidos, experimentados, respeitados, para aprendermos a lidar com eles e de forma que possamos nos conhecer e viver melhor.




Um técnico de enfermagem sensível, bom observador, conhecedor de suas próprias emoções, limites e possibilidades têm maior chance de maior atuação junto aos clientes. É importante perceber que cada paciente é único, apesar das tarefas executadas serem as mesmas. Isso entendido pode ser um facilitador para ambas as partes, propiciando ao paciente um tratamento mais humanizado e ao profissional um melhor desempenho.

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